Invocando teus pés, como uma
bruxa de salem invoca os ares
da floresta.
Prove-me que há um chão
nesse mundo, onde eu possa pisar,
mas se não puder, te empresto
meu corpo, um caminho,
um lugar, o fio de ariadne
que te liga à terra, ao sangue,
ao mundo.
domingo, 2 de novembro de 2014
02.11.14
Tenho medo dos teus símbolos,
eles me desnudam, revelam o
por debaixo da minha crueza.
Apontam, sempre me apontam.
Materializam meus desejos,
os medos, as crises, os choros,
as faltas, as excitações,
materializam minha falta
de limites e
meu caráter fugitivo.
Me lanço ao teu colo
buscando esse sexo
incestuoso. Não, não,
não conte a ninguém sobre todas
essas crises identificadas,
sobre como tu pisa com os pés
direto na terra, e as sente úmidas,
bem úmidas,
quando se refere a mim.
02.11.14
Posso me esconder debaixo da tua cama?
Só até que o mundo termine suas voltas,
e me passe um pouco o cansaço e a tontura.
Onde eu perceba teus atrapalhos apenas pelo
ângulo errado, e me pareçam seguros os teus pés.
Posso me esconder bem lá no fundo, contra a
parede, contra a parede, bem contra a parede?
Longe da abertura, silente o bastante para dormir
e acordar ainda no mesmo lugar, ah, como seria
bom poder dormir e acordar no mesmo lugar,
sem que o sono fosse essa travessia perigosa
entre o desejo e a realidade. Não sabendo de qual
lado está cada um, perdida, entre o acordar e o sono,
a crise, a loucura, o choro, o silêncio grosseiro,
e o olhar, sempre o olhar, que é como um acompanhante
pretensioso, por isso fácil de amar.
Só até que o mundo termine suas voltas,
e me passe um pouco o cansaço e a tontura.
Onde eu perceba teus atrapalhos apenas pelo
ângulo errado, e me pareçam seguros os teus pés.
Posso me esconder bem lá no fundo, contra a
parede, contra a parede, bem contra a parede?
Longe da abertura, silente o bastante para dormir
e acordar ainda no mesmo lugar, ah, como seria
bom poder dormir e acordar no mesmo lugar,
sem que o sono fosse essa travessia perigosa
entre o desejo e a realidade. Não sabendo de qual
lado está cada um, perdida, entre o acordar e o sono,
a crise, a loucura, o choro, o silêncio grosseiro,
e o olhar, sempre o olhar, que é como um acompanhante
pretensioso, por isso fácil de amar.
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