quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

12.02.2015

O pulmão de Dália é lento como a fumaça do cigarro que ela fuma, e não tem defesa, uma janela sempre destrancada na noite. A fumaça, um cheiro a atravessar o corpo, carregando uma notícia triste sobre algo fora dela.
...
Um cigarro que ela fuma com a boca. Notícia corrupta, sorrateiramente entrando, caminhos clandestinos do corpo. Este cigarro ela fuma com a boca, a tristeza com a garganta, o teu corpo ela fuma com o pulmão apodrecido. Você não é uma notícia para o café da manhã.
...
A cinza do cigarro está entre as pernas de Dália. O pulmão aspira uma notícia que encharca sua pele com melancolia. Teu corpo engana como um suor que não é dela emprestados aos seus poros enquanto ela fuma seu desespero numa tragada só para que nunca se lembre.