sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Na água...

A água, lá no fundo, perde o mar.
Desconfigura o sal, e se procura.
Acalma-se confusa, as perguntas caladas.
A água lá no fundo encontra as pedras.
Caminha, e abrupta, se corrompe: uma barreira.
Como uma esponja, sequestrado,
o coração se enche
dessa sútil água, e de repente,
se vê repleto de peso.
Esmagado, escorre.
Não se pode enxergar no fundo do mar.
E essa é sua parte mais bonita.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Tempo...

As horas não se deixam visitar, elas me esquecem. E eu sempre cansada. As horas não querem a mim. Passam e não me olham, nem nos olhos, nem no rosto, nem me encostam nas mãos, elas se vão apenas. O tempo é algo distante da gente, uma forma que não se retém, não se abraça, não se enxerga. Não me importaria com esse desprezo, mas a verdade é que não me toco a não ser que o tempo permita. A saudade é um brigar manso com o tempo, é um ofender tão triste que não se revida. O problema do tempo fugir tão depressa é que estranhamente parece que ele ficou preso dentro da gente. 

sábado, 7 de dezembro de 2013

Sobre a expressão...

Às vezes buscamos inúmeras formas para nos expressarmos sem sucesso. A inquietude sempre vem e bloqueia qualquer maneira possível de dizer o que temos a dizer. Perguntamo-nos se somos incapazes de usar ferramentas que alguns manejam de maneira bem especial. Parece que nunca encontramos o nosso caminho, o nosso jeito, que apesar do conteúdo estar ali, não fomos habilidosos o bastante para nos agarrarmos a algum caminho específico. Começo agora a pensar que se trata mais da certeza sobre querer dizer aquilo que há nas profundezas e não sobre encontrar a forma de fazê-lo. No caso de estar no pensamento correto, a pergunta é: o que impede a expressão criativa daquilo que está já dito de qualquer maneira? 

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Começando pelo fim...

Estranho mesmo é fazer um blog quando o silêncio faz mais sentido que a expressão.