sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

13.02.2015

Os meus olhos não estavam atentos, se ao menos eu tivesse a força da cocaína, e não precisasse do tempo que eu não tenho para, num trabalho desumano, transformar, um a um, meus sentimentos em coisas do mundo. Talvez você tivesse percebido no fundo do meu olho, do outro lado, que tudo estava lá, e que a culpa de tudo ficar retido era de Deus porque ele inventou a matéria, mas ninguém o chamava de pervertido, e era tão mais fácil salvá-Lo como eu sempre te salvava. Talvez no momento que teus dedos tocavam o meu rosto, lavando a minha maquiagem no chuveiro, você estivesse realmente me limpando de lágrimas, que eram na verdade puro lápis de olho e não tinham poder de chamar ninguém pra me ajudar e eu sempre ficava magoada com isso. E será que eu deveria te agradecer pelo gesto enquanto visto a hipocrisia e a tua camiseta porque foi a única coisa que sobraram das tuas mãos em mim enquanto escrevo poemas que me fazem acreditar que estou me afastando de ti? Continuarei a falar. Até que eu tire essa camisa, a maquiagem, os seios, meu coração, a pele, os olhos e tudo mais que você tiver tocado.