quarta-feira, 15 de abril de 2015

15.04.2015

Vamos de novo para o chuveiro. Vamos de novo nos lavar das sementes que não brotam em terras ressecadas pelo excesso de tempo na falta de vida. Deixar descer entre as pernas os grãos que não possuem uma chance. Vamos ver brotar os ramos verdes, os grãozinhos afetivos de feijão em pequenos potinhos de iogurte, vamos ver crescer a umidade, a nutrição, o amor, e tentarmos entender por que é que no nosso caso, o algodão virou erva daninha. Vamos beber da água dos afogados na banheira de casa. Plantar nosso suicídio a salvo no banheiro. Vamos comer do nosso vômito bulímico, os restos de amor que destruímos, na falta de um alimento a mais. Vamos nos enterrar no lado na terra onde a morte abraça, beija, ama, onde ela nos erotiza, onde somos tocadas. Vamos infestar o marfim dessa banheira de vermelho, onde histórias são escritas, e contatas pela boca que nos beija, enquanto nos beija. Vamos esperar a morte juntos, alucinando.