domingo, 3 de maio de 2015

04.05.2015

Das coisas que me ligavam a ti: meus pulsos e meus enganos. Agora me tranco para o lado de fora da sacada, as pernas nuas para o lado de fora do parapeito, a cidade inteira sentindo meu cheiro de mulher desiludida, o vento era a única coisa que me abraça de verdade. Agora você ficava do lado de dentro do apartamento no teu narcisismo que nunca permite estar fora desse lugar de horror e antidepressivos. Vá dormir, vá dormir com a tua dose de morte artificial. A mim não basta, eu sempre precisei a umidade do sangue, do gozo e da cidade. Enquanto tu sonhava eu viva o pesadelo da realidade. Augusto me tentava, a língua no meu ouvido, e eu pegava uma tesoura e cortava a minha singularíssima vagina: olhe o que você fez comigo. Eu pulava.