segunda-feira, 29 de junho de 2015

30.06.2015

Uma mulher menstrua pelo olho como uma atriz-buñuel vendida em seus trajes de desespero e luto, um contraste preto e branco de uma abertura genital que se desfaz daquilo que é a própria mulher-vendida. Um balde desce na fonte e devolve à superfície a cabeça da loira que ficou retida no subsolo in memoriam de suas dores e problemas. Uma mulher se masturba na gravidade zero, e finge orgasmo enquanto se contrai com raiva e repulsa no vazio do universo. Uma televisão é esquecida ligada pela família que morre esperando um demônio mal amado vir salvar sua árvore genealógica inteira do tédio e da submissão. Moramos em riscos de giz no chão, imitando uma casa, estamos perdidos no meio de uma questão ética, que perde a importância no meio do incêndio, ou da neve, ou daquilo que é um hotel assombrado por pais violentos, ou ainda diante do tesão do velho pelo menino, mas aí, eu voltaria, subiria duas vezes a escada para o pulo do suicídio, é preciso ter certeza de que morremos.