quinta-feira, 16 de julho de 2015

15.07.2015

Tento deixar a casa em silêncio: escutar apenas o meu coração aos berros. Ouvir um grito pendurado no ponteiro do relógio: a cada segundo mais alto: marcando aquilo que eu odeio: e que tenho vergonha de dizer. As palavras se enfiam nos vãos dos meus surtos: procuram em desespero um espaço, se fincam nas dobras: ficam ali esperando a hora: mastigam minha pele: as palavras: dezoito poemas pendurados num varal inconsciente: secam, as palavras secam: eu mesma pude sentir com as mãos: a textura ressecada: a melancolia da pós-modernidade: um relógio que anda e some: inacessível: a palavra torrando ao sol: a palavra esquecida de ser recolhida: um poema no vento queimando as faces vermelhas: nunca senti tanto frio na vida, e olha que faz tantos graus quanto no inferno: mas o vento arranca o poema do arame: o arame arranca o poema de mim: o poema me arranca do grito do tempo.