Escrever no estrangeirismo da palavra,
escrever onde não estamos, principalmente,
na palavra,
escrever onde é confusão e onde é sombra, e
não somos nós, especialmente a palavra.
*
Borboletas não se entediam, borboletas não pensam,
não percebem que pousaram no meu café, e elas não
precisam de café, porque borboletas não são sombra,
não são confusão, não são especialmente a palavra.
*
Na minha cama, as aves fazem ninhos para seus filhotes
obesos, e eles não são principalmente a palavra esquizo,
não são também a estranha percepção de que camas
não são ninhos, afinal, e talvez sejam especialmente,
palavras.
*
E, para onde vou, eu pretendo destruir toda palavra,
e enterrá-la, e criar um altar, e rezar uma prece de
babas e outros líquidos, talvez, talvez, eu disse, só talvez,
eu também urine nessa maldição que é a palavra, e
vou plantar todo tipo de flor em cima desse túmulo, e elas crescerão,
e ficaram coloridas como as borboletas que não se lembram
do tédio em que vivem, e depois elas morrerão, porque é assim que deveria ser, é assim.