domingo, 2 de novembro de 2014

02.11.14

Posso me esconder debaixo da tua cama?
Só até que o mundo termine suas voltas,
e me passe um pouco o cansaço e a tontura.
Onde eu perceba teus atrapalhos apenas pelo
ângulo errado, e me pareçam seguros os teus pés.
Posso me esconder bem lá no fundo, contra a
parede, contra a parede, bem contra a parede?
Longe da abertura, silente o bastante para dormir
e acordar ainda no mesmo lugar, ah, como seria
bom poder dormir e acordar no mesmo lugar,
sem que o sono fosse essa travessia perigosa
entre o desejo e a realidade. Não sabendo de qual
lado está cada um, perdida, entre o acordar e o sono,
a crise, a loucura, o choro, o silêncio grosseiro,
e o olhar, sempre o olhar, que é como um acompanhante
pretensioso, por isso fácil de amar.