domingo, 22 de fevereiro de 2015

22.02.2015

As minhas pernas eram vidros de uma janela no dia de chuva, cheias de histórias, substanciosas, sujeitas à vontades. Tudo era fresco e tudo era um convite, um abraço dos nossos corpos confundidos. Teu sangue a bombear as veias das minhas pernas, caminho escutado ao longe, como aqueles tiros no meio da noite que uma vez eu escutava, e de repente meu coração era quente. Tuas mãos tortas a escrever minha história diretamente na pele, tudo enchia, e eu nunca sabia de quem era o sangue depois que o desastre acontecia. Peguei tudo emprestado, minhas pálidas artérias não diziam coisa alguma até que um estranho relógio começasse a andar, você me amando. O calor diminui como o meu coração diminui. Você se afasta e se desfaz. Minhas pernas permanecem como vidros, agora quebrados, refletem uma história. Aos pedaços não podem ter nem fim, nem começo, tudo está impedido.