domingo, 1 de março de 2015

02.03.2015

Saí do banho depois de você ter me fodido inteira. Não, não foi isso. Ninguém gozou aquela noite. Foi mais uma briga que excitasse, e de repente cada um cuspia no outro sua própria depressão. Eu te pedi "fica" quando você se enfiou inteiro dentro de mim, e você ficou. Depois no banho parecia outro homem, então aquele da cama ainda estava enfiado dentro de mim, e você - quem era você? - me olhava com carinho. Enfim, quando saí do banho, fui para frente da janela. A cidade inteira uma testemunha ocular inconsciente do desastre que seria a minha vida, para o qual eu caminhei tão lentamente cada vez que me atirava em você, "me empuleirava" como você costumava dizer, e o outro lugar que eu podia ir era a queda livre do décimo oitavo andar do teu apartamento. Tudo muito dolorido. Não se pode esperar nada de um amor que nasce da depressão. Aliás, da depressão não se espera nada além de um vazio fingindo cara de dor. Então, a gente se apaga, até que uma última luz também falhe. Fui enrolada naquela noite com uma faixa amarela escrita "crime scene". Era um pouco apertada, minha pele ficava marcada facilmente. Acho que você fez um trabalho bem porco no meu assassinato.