domingo, 15 de março de 2015

15.03.2015

Quando nasci o médico esqueceu o bisturi na minha barriga. Não me perguntem por que é que não foi na barriga da minha mãe, o que é que ele pretendia enfiando em mim aquele objeto cortante. A verdade é que não precisamos mais dessas coisas chamadas respostas. Faz tempo que elas foram derretidas pelas bordas até que o núcleo amolecesse e tombasse como uma cera inútil que não ilumina mais nada. Não precisamos mais de respostas. Elas perderam o propósito. A pergunta foi longe demais, caminhou para um lado animalesco. Responder não fará diferença. O bisturi não é mais um bisturi. É outra coisa. É um pedaço de mim.