Eu não tenho mais costas. Minhas costelas estão suspensas, oxidando ao toque do mundo. Decomposição resultante do veneno que engulo todos os dias. Não tenho mais orelhas. Os dias são a repetição de barulhos passados. Silêncio de um país construído e abandonado. O corpo parou no meio de um bombeamento cardíaco. O sangue foi até o meio das pernas. Paralisia dos enganos sentimentais. Não tenho mais seios por onde se derrame meu leite. E meus orifícios foram lacrados por irregularidades na minha história. Virei um caso engavetado por alguma ordem superior muito ocupada.