sexta-feira, 3 de abril de 2015

03.04.2015

Você adentra o pesadelo. Perfura a bolha do meu sono. Faz-se pele. O escuro nos cobre. Você se deita a quinze metros de distância das minhas patologias. Eu toco o teu braço com o medo acumulado na ponta dos dedos. A tua presença imaginária limpa o cenário da minha cama. A tua respiração varre os monstros do meu sonho. Você interrompe minha hemorragia com a tua pele sobre a minha pele. O silêncio da ausência do futuro é bem vindo e nos faz adormecer mais profundamente. Vamos experimentar o corpo, o alívio de nossas mentes cansadas. Vamos respirar o ar do inconsciente. O alcoolismo dos santos. Então tudo é arrastado para o que chamamos de falta. Nada fica impune quando um mundo adormecido se movimenta, se levanta, e acerta nosso peito como maré de conteúdos latentes, a ferida não cicatriza nessa água salgada que é o acordar. Sou abraçada pelo medo. Sou cuidadosamente abraçada pelo medo.