quarta-feira, 22 de abril de 2015

22.04.2015

Costurem a palma de minha mão à palma de minha outra mão. Preciso aprender a rezar. Ou a morrer. Estou num mundo que não foi construído por ninguém. Mas explodido. Assim que nascemos. Explodidos. Não amados. Mas explodidos. O pó caminhou um tanto de espaço que não será preenchido nem com todo amor materno do planeta, e enfim, acabamos aqui. Nesse ponto. Nessa estrada onde encruzilhadas não se dividem em lados, mas, retornam ao nosso centro com uma sede animalesca por sangue, percebemos então, que não há motivos para escolher um caminho. Todos retornam ao nosso coração, todos enfiam canudos oxidados em nosso peito, todos esvaziam nosso corpo. Há um deus dos explodidos? Há um deus escondido lá dentro do buraco negro? O universo realmente precisava ter esse tamanho brutal? Fomos rodopiados envoltos pelo planeta, isso não significa, nem na mais remota das hipóteses, que temos um caminho. Talvez nosso deus seja mesmo um bulímico, e a explosão tenha sido um dos seus vômitos. Talvez agora ele esteja se tratando. Vá se curar, não sei. Temos tantos pedaços, tantos pedaços perdidos gravitando, estamos olhando nossas partes indo embora. Estamos perdendo o calor. Fomos ejetados como um excesso, por isso tão em desordem os nossos corações, sofrendo pra que tudo se acomode. Não vai. Somos um excesso, olhando nossas partes indo embora.