quarta-feira, 22 de abril de 2015

22.04.2015

No handling, no holding, no turning back point. Sem um sapato que sirva. A chuva esfriando a pele do rosto, a carne tirada para a fora da geladeira, começa a se sentir, para ser assada em seguida. Minhas olheiras fabricadas pelo teu desafeto. O cinza abrindo o inverno, o cinza abrindo o meu coração e dentro, dentro do músculo coronário, outro cinza, e mais outro, e você esfregando os dedos, uma cinza de um cigarro que você sequer fuma, dispensável em vista tua frágil saúde, tua garganta entalada de infecções, todos os perdões que você não me pediu apodrecendo teu lado interno da fala, você há de se matar e não será por amor, nem por desamor, mas por egoísmo. Eu não derramarei uma lágrima no teu túmulo, mas dançarei com minha saia de tule ainda manchada no teu sêmen, empilharei no teu epitáfio mil e duzentos poemas sobre o quanto você me machucou. Deixarei que tudo morra. Eu era mais piedosa que deus. Eu era mais viva que deus. Eu doía mais que deus.