terça-feira, 28 de abril de 2015

28.04.2015

Onde eu fui parar só porque te seguia? Esse lugar sem paredes, esse lugar sem evidência de vida humana, esse lugar intocado por luz. Essa criação psicótica de realidade. Essa falta de realidade referência, esse estar só na realidade, essa realidade que não toca em nenhuma outra realidade, todos se olhando tão distantes, tão perdidos. Não consigo mais escrever. Não consigo mais pensar que existe um futuro. Tudo se tornou absurdamente questionável, ninguém me abraça, nenhuma ideia me abraça, e eu sou varrida do mundo. Sou também eu um corpo questionável. Guardando angústia, comendo dúvidas, devolvendo palavras que tentam, apenas tentam me ejetar de mim, que apenas tentam me projetar em uma outra realidade. Quando eu não pude acreditar que o mundo era um bom lugar, quando eu não entendi o motivo de estarmos vivos, quando eu pensava em inúmeras maneiras de descansar até o fim, tu ergueu falsos mundos ao meu redor, falsas paredes, falsas camas, falsos beijos, abraços que me jogaram para dentro de um buraco, fez luz em minhas falsas referências, e eu realmente pensei que esta realidade era possível, que a minha própria era suportável. Não mais. Não quero acreditar que você é uma falta. Nem que perdi o fio que me tornava uma só. Agora sou pedaços que não se encaram, agora sou fragmentada e fraca. Agora eu sou ridícula, desconexa, embotada. Agora eu não acredito no que é suportável. Nem mais na morte. Tornou tudo questionável. Tornou tudo distante.