quinta-feira, 30 de abril de 2015

30.04.2015

Na vista do teu apartamento eu via quinhentas e setenta janelas e nenhuma dava para alguma esperança. Na vista do teu apartamento quinhentas e setenta guilhotinas. Minhas cabeças - eu tinha quinhentas e setenta, uma para cada dia que sustentei tua mentira - esperavam paciente, não, esperavam impaciente, a hora em que a réstia de luz sumiria. Teu remédio não me fez dormir. Tua penetração não me fez gozar. Teu abraço não me arrancou dos pesadelos, mas foi bem sucedido em me empurrar da janela. Agora as guilhotinas me abraçam, agora minha fala é o descer da lâmina, e absurdamente, parei de sangrar, e absurdamente não sei se minha cabeça ainda está onde deveria.