sábado, 9 de maio de 2015

09.05.2015

Não há sol que toque o coração lá dentro, protegido pelo corpo, na escuridão. Sua umidade é gelada, a maquinaria de um bombeamento ilude que ele fala, que ele respira, que ele chora. Não há sol que escorra pela garganta, no caminho das palavras, porque elas vêm de um poço humano, fundo, sujo, intocável às mãos de quem limpa. Não há sol que varra nossos órgãos, que os aqueça, que derrame sobre nosso sangue a sua luminosidade de meio dia. Aprendi que tudo dentro vive no cárcere do corpo. A sujeira se acumula. Não há escoamento, nem ao menos na hipocrisia do poema.