segunda-feira, 25 de maio de 2015

26.05.2015

Ponha teu ouvido colado ao meu umbigo e escuta os vazios estalando como fogo, lá onde as mãos da criação não tocam, e as tuas, masturbatórias, só erram os caminhos do Falópio, que me sangrasse em teus dedos sem me matar era o tamanho exato da tua inutilidade. Encosta teu ouvido no peito e escuta o músculo do coração inchar como a boceta na hora do sexo, a carne tenra e úmida e cheirando à própria natureza de batida desvairada, ritmada, sugando pelo avesso a minha possibilidade de viver sem me foder inteira. Desliza teus dedos nas ranhuras das minhas costas, e percebe o poema que o diabo talhou quando eu nasci e sem saber que era um péssimo poeta, se emocionou demais com a catarse, o último verso na nádega direita, segura ele bem firme com a tua mão, respira bem o poema, aperta bem a carne, e cospe na tragédia excessiva que é o inferno. Enfia com cuidado na minha boca, o pau, ereto, escuta o lábio, e devolve a palavra à minha garganta, movimenta então rápido até que o lábio imite a fala, e a fala imite o gozo, e então retira-se por completo daqui, e de todo o meu corpo.