sábado, 9 de maio de 2015

09.05.2015

A costela de Adão no meu prato e eu lambuzada igual cachorro no osso. O cheiro dos ossos de Adão no meu queixo, lábios, na língua. O cheiro da culpa de ter mordido. A digestão maligna de ter mordido, a bulimia atrasada. A moral cristã na medula do osso que eu comi no jantar. Os ossos se acumulam no meu aparelho digestivo. Eu mesma era o esqueleto, eu mesma perdia a carne, eu mesma era construída na moral da culpa, na moral da dor, eu mesma era um osso, apenas, sem chance de ser outra coisa que não um osso.