sábado, 13 de junho de 2015

13.06.2015

A noite abria mais espaços do que eu podia suportar. Pelo menos naquela casa abandonada as coisas pareciam fidedignas. Eu confiava justamente porque lá o grito ia de uma janela à outra sem aviso. Fora dela os gritos são protocolados. Perdem a estridência com a burocracia: aqui fora até o grito tem civilidade. Eu aprendi a dormir em covas. Aprendi que morrer era algo corriqueiro e múltiplo. Mas a insônia nunca vela por nada. Sou enterrada sem prece, durmo com as portas abertas para os pesadelos. E quem me chama está do lado de dentro do sonho.