terça-feira, 16 de junho de 2015

17.06.2015

Um moinho de acidentes, uma roda que gira os meus pesadelos, uma roleta da sorte apostando minha libido. Não há réstia de sol na floresta, não há quem aqueça essa minha pele úmida e branca, não há quem plante meus pés na terra e diga: você tá sem saída. Uma luz que se acende na madrugada, naquele parte negativa dos graus, onde eu congelo, você congela, e andamos até a fonte dos crimes buscando perdão ou talvez buscando outros motivos para sermos assassinos, não podemos mais nos amar, nem gozar, nem aquecer: somos brutais e somos estúpidos e também somos aquilo que é aversão e confusão e medo e recuo e letargia. Eu vou lavar minhas mãos nessa fonte de sangue, eu não vou fingir que não estou suturada em dezessete mil lugares do corpo, e as cicatrizes nunca chegam por isso eu nunca tenho uma história para contar, como quando me dizem: cheirei tanto que... vê? eu nem sei o que acontece quando cheiram tanto. Mas eu sei mentir, eu sei dizer que essa minha frieza deixa um whisky no ponto, como se eu fosse um cubo de gelo na tua boca, e você me deixasse mais úmida, e que ouvimos teus vinis chorando a noite inteira: já não suportava mais teus falsos motivos, tua incapacidade de engolir meu gelo com vontade, eu era uma confusão inconsciente que se despedaçava ao toque, e não queria mais a reconstrução, eu estava bem aqui onde eu podia sofrer em paz.