domingo, 14 de junho de 2015

14.06.2015

A boneca que me deram no meu sexto aniversário foi adornada nos pulsos com a fita que embrulhava o pacote de presente. Era porque eu me desesperava de ver algo posto fora. Amarrei nos pulsos pra proteger as dobras tão suscetíveis aos cortes, aqueles vincos rígidos do material plástico um dia podia sangrar e como eu ainda era uma criança não saberia fazer o curativo pra salvá-la. Onde deveria haver órgãos havia pano. Era pra dizer que a alma dela era macia. Era pra dizer que ela também podia ser rasgada, ou ainda apenas gasta, que era humana. Outra prova de que a minha boneca era uma menina de verdade era que toda vez que a gente virava ela de ponta cabeça ela emitia um som de choro. Ela puxou à mãe. Se apertavam ela no centro, ela dizia eu te amo.