segunda-feira, 13 de julho de 2015

13.07.2015

Centro e dezoito hectares de um coração que sangra: carrego muita terra inútil no meio do peito. Aos poucos ela sobe, a sinto no esôfago, vem assentando tudo como um enorme alicerce, exceto que: não há construções ao meu redor, tudo esmorece e cai enfraquecido. Inclusive meu corpo. Inclusive o corpo que sou eu, pronome possessivo que me diz: sou vazia: nenhum alicerce plantou em mim a flor da mentira, essa que faz fé, faz amor, faz correr tudo que for caule e pau ereto e sangue fértil e excesso de leite no seio, eu nem sei dizer sobre essas coisas que não sejam fome, exceto que: me falta a comida mesmo quando como, porque eu sei da existência do tempo: me advertiram: foi deus, foi o diabo, foi a boneca que eu cuidava fingindo maternidade, ou ainda o diário guardador de dias expelidos em série pela minha vida, alguém me avisou que o tempo existe, e desde então, eu choro em cima do tempo.