terça-feira, 14 de julho de 2015

14.07.2015

Teus dedos me abrem lentamente: na ferida, na buceta, na minha insegurança de mulher depressiva: meu corpo é um campo minado de depressões: você é uma anti-poesia que não finge: estou cansada de me asfixiar de palavras: elas nunca afogam: apenas se divertem com a morte alheia; o fato é que você suga de mim todas as palavras: pela língua, pelo seio, você esvazia cada canto do corpo e então encosta: sinto tua mão pura: esquecida do meu histórico de inflamações coronárias: meu peito inchado escorrendo, meu coração infeccionando: você me engole mais fundo que o estômago permite, me chupa, me puxa, me aperta: e eu não sou mais esse corpo doente: estou encarcerada no teu desejo: um câncer apaixonado que tu absorve: penetra tantas vezes, sem pensar: eu sou um problema que você penetra sem pensar duas vezes: uma ferida sem chance de afeto: mas você vem e entra. Sem pensar duas vezes.