sábado, 25 de julho de 2015

26.07.2015

Estão brincando no pátio da minha vida. Eu vejo tudo, escuto tudo. Agora mesmo, quebraram um copo por lá, alguém sempre chora, outro alguém sempre grita. Eu vejo as palavras ficarem bêbadas de um conhaque velho, e vomitarem sentidos sem ordem ou amor. Eu vejo que estão brincando, eu escuto as risadas. Eu sinto a mão da paranoia, sua temperatura, seus calos mínimos, às vezes, uma mão enluvada, eu escuto a correria, atrás do poema, eu vejo que brincam por lá, eu recebo a umidade do choro dos que perdem, e eles se vingam, vez ou outra, e também recebo a umidade do sangue, e estou no fogo do inferno e ainda úmida: eu vejo uma vagabunda sendo sodomizada perto da escada, onde é escuro, onde as mentiras são pisadas como galhos secos no outono e se quebram com a mesma constância dos ponteiros dos relógios endurecidos: eu vejo que brincam, eu escuto as risadas: eu canso como uma câmera que não se desliga para um lugar de vigília: de risada e de sono, muito sono, mas eu escuto as risadas.