domingo, 26 de julho de 2015

27.07.2015

Tenho acordado babando quase toda noite: veja bem, dormir é mesmo o que possuo de mais selvagem, o resto é apenas um coração dilacerado, papéis numa máquina de sumir com dados, uma nova vida, uma tentativa de sequestro daquele passado que fede, meus dedos sempre perto das lâminas: os papéis, as digitais, a veia que desemboca um rio de sangue no músculo fraco que é o meu coração dilacerado, a identidade laminada, um novo piso imitando um verdadeiro, um excesso de cera, a limpeza imitando um lodo amarelo de monstro de sin city, eu vomitando as tripas por bobagens, quem nunca sonhou em ser bulímica? Quem nunca sonhou em tirar do peito a faca envenenada, e não achou que fosse fácil fazer dormindo?, como quando transar dormindo era apenas abrir as pernas e deixar que as sensações do corpo atingissem o degrau do sonho, mas agora você era violada, porque esqueceram de deixar você dormir, esqueceram de deixar você sonhar um pouco, antes da penetração, e pegar de olhos fechados, o pau ereto para melhor encontrar o caminho doaselvageria que é dormir e ser amada, agora tudo era teu pesadelo, você babando um veneno de cachorro não vacinado, você como uma cadela desavisada do estupro, e lá no fim da escadaria do teu sonho: o escuro.