quinta-feira, 27 de agosto de 2015

27.08.2015

Eu olhei minhas mãos pela centésima nona vez e elas estavam tão brancas como quando eu nasci ou seja vazias: as veias mostrando destinos de ciganas burras e que deus me perdoe destinos com o cheiro das roupas encardidas delas. O meu destino fede, de trás, de frente, de quatro. Pus, cicatriz, chorinhos infantis, bonequinha que fala eu te amo com a pilha vencida, eu era uma máquina de poemas quebrada, como a jukebox tocando uma desgraça sem parar, à exaustão, a loucura entrando só um pouquinho como um virgem que quisesse meter com força mas que tivesse medo: vai que. vai que. O medo inchando as bolas: o teu esperma era encomendado em série pela agressiva distorção do amor: não sejamos covardes, olhe as mãos vazias, não sejamos tão pueris, a loucura batendo na porta da cabeça como testemunhas de jeová, cobradores de uma conta que muito te envergonha de ter feito e que você se sabe incapaz de pagar: aquela coisa apertando o peito: o erro. Eu olhei no buraco da fechadura e vi: você gozava, gozava e ria do meu fedor de desgraça.