domingo, 13 de setembro de 2015

13.09.2015

Ainda não me calo com a boca enjoando palavras. Inúteis as lágrimas, teus olhos, uma pupila dilatada: a porta da sacada corre no trilho e bate: o suicídio fica do lado de fora do apartamento: no tapete a mancha minúscula: você me derramou no chão da sala. O vapor do banho escreve sozinho poemas trágicos nos azulejos: um nome no espelho quebrado: apenas o que é refletido, apenas o reflexo como engano, apenas o nome desaparecendo, As grades do teu apartamento imitando paredes: brancas como a loucura do dia, como a terrível meticulosidade do cotidiano, impiedoso nos detalhes, sarcástico, feroz, impaciente, a insanidade piscando como a luz queimada da cozinha: acende, acende, mais um pouco, por mais tempo. Ainda não me calo e tuas mãos apertam meus seios como se me empurrasse em um precipício: que me aperte já é o bastante para que a palavra asfixie. A cidade venta como uma mãe que sopra um machucado.