O silêncio tem compridas unhas e é
um destruidor de tecido humano:
as costas dos homens e as bocas cheias
de distância são vítimas de mãos nervosas
e tristes.
A noite expele suas pedras nos rins dos magoados.
Segredo é aquilo que não se pode dizer nem a si mesmo,
porque não existe a boca, nem o verbo, ou sequer
a dignidade.
O corpo protege a mentira quando a fantasia
é um arbusto desregulado nas arestas
e nas raízes.
A palavra enterra o sonho
com suas paredes de concreto
e suas frígidas dobraduras.
Pontes cheirando a álcool
incêndios, copos vazios,
o delírio cujo rosto nunca aparece
na imagem que o espelho devolve.