domingo, 14 de fevereiro de 2016

14.02.2016

Eu sentei por horas na frente desse espelho
eu sentei por horas na frente desse corpo
eu sentei por horas na frente da tua impotência
eu fui buscar um cigarro em mim mesma e nunca mais voltei
eu sentei por horas na frente dessa obviedade
eu fui buscar uma coisa pequena que pudesse te queimar
como uma caixa de fósforos para o cigarro que me fez sumir
daqui e eu continuo sentada por horas sem vestígios
dos meus cabelos longos, do meu perfume de mulher
esforçada, a sala contaminada pelos meus desejos venéreos 
todos culpados, todos vermelhos, todos inconfessáveis
a minha vontade de atear fogo na gente enquanto eu tava 
sentada em você, tão nua tão sem nicotina tão sem propósito
para aquele fogo, você tão silencioso como um homem que fuma 
mas que não sumiu nunca sumiu daqui.