sábado, 27 de fevereiro de 2016

27.02.2016

nenhuma catarse para hoje. abrimos as folhas do diário como se as garotinhas escritoras tivessem levado um par de tiro perdido. não vamos ler nada, e a reza vai até as quatro da manhã porque as almas batem suas cabeças nas paredes imitando os sinos das igrejas, as missas, as catarses esquizofrênicas. não vamos ler nada. como os presidiários elas enfiam tudo na boca, e no raio x os ossos quebrados boiando na tristeza, mas nenhuma catarse pra hoje, vamos foder em silencio, vamos fingir que uma palavra luminosa nos toca. o aterro pegando fogo, todas as palavras vão morrer um dia, vão deitar como as escritoras que levam tiros, e sentir as narinas queimando com a fumaça, esse aterro perdendo todas as palavras, nenhuma catarse hoje, a gente goza em cima do silencio, a gente goza como quem leva um tiro e não se lê nada nos diários, nem nas missas, nem na quarta hora da madrugada.