domingo, 13 de março de 2016

13.03.2016

Estamos na ante-sala do silêncio: sua porta foi eternamente trancada e uma vela acende seus medos perto de uma janela. Cobrimos os moveis com o pêlo morto de nosso corpo e a este ambiente chamamos de lar. O sono está sempre faminto de palavras: o estômago transborda o sangue dos pesadelos. Houve um tempo em que toda promessa tinha esse mesmo silêncio amarrado ao calcanhar, um tempo onde abríamos as carnes com a delicadeza dos dedos aborígenes. A fome era um signo de luz. Agora a noite reflete mais lâmina que lua e os poemas enfileram-se em quarentena. Dormimos em noites artificialmente distendidas.