terça-feira, 5 de julho de 2016

05.07.2016

Teus dedos massacram poesias, 
são apenas esquecimentos, eu mesma
derrubei centenas de florestas das mãos
somente por ter ousado te amar. 

À noite apenas durmo se me contam
histórias mentirosas acerca das abelhas
que mataram uma poeta incendiária,
uma poeta se desfazendo como quem
precisa devolver um alimento indigesto.

E deus também já me viu sentada, e também
já teve inveja da minha incompetência
eu era tão divertida quando sofria, era tão
apaixonada e teus dedos massacravam
o meu futuro de mulher soberba, 
agora eu tenho cólicas, agora tudo se dobra
ao vagalume morto, e tuas borboletas
bêbadas as três da tarde não são mais
tão bonitas vistas do alto dessa confusa
rejeição.

Ainda não cheguei ao centro, 
ainda não cheguei aos piores dos meus dias, 
sequer aos melhores dos meus dias, 
ainda não vomitei todos os vagalumes
que engoli enganada, que engoli quando
a noite era escura demais para o contraste, 
ou para respeitar os mortos, há centenas 
de palavra ruminadas pelas vacas, estas sim, 
deixam os mortos em paz, repetem os poemas, 
as esperanças, se nutrem de se saberem
mentirosas e brilhantes, e quanto a mim, 
bom, deus tem muita inveja da minha 
incompetência, só se ama nessa
condição de topázio destruído, 
ruminação azul, 
revólver azul, 
peito azul, 
os testículos do meu amor
azul.