Estou confusa como uma planta
cheia de botões graúdos de uma flor
sem nome,
no meu quarto os pássaros voam
contra todo horizonte quebrado,
partir também é apertar com as mãos
todas as cicatrizes do corpo
o sono expira um campo
cheio de plantas cujos botões
denunciam os buracos na minha face,
estou confusa porque tudo é
líquido quando eu imaginava
fogo, estou distante do teu fantasma
amargo, dele apenas sinto
um cheiro de fotografia queimada
quando tudo é líquido, talvez
querosene, talvez uma planta
precise de silêncio, talvez
os acidentes estejam dobrados
como as camisas no teu roupeiro,
talvez eu também precise de silêncio,
estou confusa como a mão
que derruba sem prever uma série
de desgraças e o chão do quarto
se ilumina.