quarta-feira, 6 de julho de 2016

06.07.2016

Há todo tipo de breguice e todo tipo de álcool
tricotando alucinações acerca de uma 
trepada sem gozo, há todo tipo de fruta podre
caindo dos pés dos poemas, me alimentaram com
ares noturnos de suicídio, azulejos fofoqueiros, 
cápsulas impotentes, durante a noite toda a palavra
é um circuito elétrico atravessando o coração, 
eu não quero tomar banho na tua casa, sair do banho
é sempre estar pronta para morrer, limpa e quente, 
e com o peito cheio de perdão, eu não estava 
no ponto, não estava manchada o suficiente no rosto
esta respiração não é a minha, esta tristeza não é a tua, 
toda história nossa história é cítrica, uma avenida 
sem fim, sem lados, uma avenida ultrapassando 
todo corpo, eu, a menor mulher do mundo, eu, 
a garota mais freak da menor cidade do mundo, 
os cabelos escuros brilhando como faróis num 
acidente, tu me dizia a palavra gentil, tu me dizia 
palavras, depois tu me dizia a palavra violência, 
a cidade era um passarinho inquieto no meu ouvido
esquerdo, no direito a bala reservada para todo tipo
de misericórdia, ou de encenação, já não conheço
a profundidade do teu sono, não meto mais a mão
no teu corpo, se ele dorme, dorme, se acorda, acorda, 
e todo o resto é desconhecido, meu lugar é sempre 
a tristeza de uma noite cujas horas se desmancharam, 
eu estou toda molhada, eu estou embebida em formol,
ou vodka, ou líquidos mágicos, esperando, esperando, 
não estou ainda no ponto de comer do poema assim
tão sem constrangimento, toda fome é uma vergonha.