segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

17.02.2015

Essa infelicidade enlatada em forma de poema me enoja. Essa hipocrisia não da gente comum, mas das pessoas que escrevem - as inteligentes - como se a morte ficasse mais bonita porque você organiza um monte de palavras que fazem sentir algo. Não fica. Todo mundo sabe que não fica. Como se o poema fizesse a gente sentir menos a merda. Não faz. Não é como "jogar fora" porque tal coisa não existe. Pelo contrário! É um olhar, cutucar, mexer, masturbar, o que tá dentro de mais podre na gente e que a gente acha que é a nossa identidade, e isso nos torna monstros mesmo, gente feia, gente que não tem luz, porque a gente escreve ao invés de viver. Somos pessoas anti-vida. Não é a morte que queremos. Não é porque ela - a morte - não é em nada essa coisa sublime das poetagens. Ela é vulgar e seca e não tem poema que a toque. Poemas são gritos que fracassaram e caíram num papel. Poemas não são a morte. E nem a vida. São um falso esconderijo da dor, mas que estupidamente se esconde dentro da dor.