domingo, 8 de março de 2015

08.03.2015

Tomo um antidepressivo e eu mesma entro inteira dentro daquela capsula de remédio. Peço licença ao pó medicamentoso, também quero um espaço, e isso está atestado na receita. O corpo todo se comprime. Milhares de mãos apertam meus músculos, algo cambaleante entre o afetivo e o desprezado, cada aperto é uma descida no plano psíquico do meu palco de horror. A pele sendo tatuada pela agulha, no lado de dentro, nunca decifro o desenho. "Não me deixe sozinha", eu digo, passando entre um andar e outro nesse elevador de vidro, eu numa caixa expositiva, o horror grudado na janela esperando eu chegar mais perto. O elevador para.