domingo, 22 de março de 2015

22.03.2015

Abro as pernas e deixo pingar o sangue em cima de minha declaração de renda impressa em papel reciclável. Um ano de derrotas comprimidas em valores alinhados, temo-os como vinte e cinco mãos enfileiradas agarrando meus calcanhares. Planto um dos meus pés no quintal da minha casa abandonada. Ele ainda está ligado à minha perna. Um detalhe que  pesadelo não conseguiu configurar. Inconsciente quebrado. Espelhos colados em suturas. Uma mão escorrega por entre o vão dos cacos. Passa os dedos na minha boca, enlameia meus lábios. Penetra meu pesadelo.