quarta-feira, 25 de março de 2015

25.03.2015

O bom do fundo do poço é que como não tem luz lá dentro ninguém vê que você tá fodido e se cagando. O ruim é que ninguém vê que você tá fodido e se cagando. Enfim, eu meio que fiz um esconderijo secreto nesse poço aí. Eu mergulhei na água e achei um alçapão que dava para um mundo chamado: não me importo. Posso falar que estou cagada. Isso se chama liberdade, e só não é liberdade o fato de que eu estou mesmo cagada. Mas eu posso evocar. Fazer bruxaria embaixo da bunda do satã. Acender incenso no esgoto. Comer uma banana com a água podre até o pescoço. Eu posso ser esdrúxula. Pegar na mão do monstro. Soltar. Enfiar o dedo na minha goela e vomitar a banana que comi. Ver a massa amarelada da fruta se misturar à massa marrom da minha merda. Pra isso basta que eu tenha uma garganta, um cu e um dedo. Tá vendo? Eu até deixei você pensando besteira agora. Não sei rio ou se choro. Acho que ultrapassei esse lugar que ou ri ou chora. Agora eu gargalho com minha retina e choro com minha língua grossa. Agora, eu virei essa porra do avesso.