sexta-feira, 17 de abril de 2015

17.04.2015

Estou morrendo conforme teu corpo me cobre. As tuas mãos nos meus seios abrem janelas que suspendem minha asfixia, janelas que me olham para dentro, onde ninguém nunca olhou. Eu era uma mulher dissociada de mim quando tu me buscava pelos cabelos. Eu sempre sentia que tuas mãos tinham o poder de me recolher do abismo, no qual eu finquei os pés, e você, tão especialmente, podia me tirar dos contornos da matéria. Esses mesmos pés ficavam soltos no ar, enquanto eu escorria toda minha vida inteira pelas pernas, e você entrava através dessa trilha umedecida, e me mostrava que o abismo também é um chão onde se faz amor.