sexta-feira, 17 de abril de 2015

18.04.2015

Um espelho quebrou dentro de mim. Os cacos me deixam numa condição inconsciente enquanto o líquido sanguíneo deixava um rastro de calor pelos centenas de caminhos em que escorria. Minha cabeça se enchia de sangue, o nível subia tão vagarosamente que eu não percebia que a minha morte já estava agarrada às minhas pernas como uma criança que chora pelo colo materno. Um afogamento que vinha de dentro da garganta e buscava uma porta de saída, a minha boca, e eu ia morrer porque não conseguia conter dentro de mim o que era eu. Pequenos cacos prateados em cima do vermelho, pequenos ruídos dos passos dos meus fantasmas andando sobre meu espelho quebrado. Meu stímpanos soprando histórias de terror ao pé do meu próprio ouvido. Meu coração era isolado, a bagunça era um adorno em forma de maquinaria da desgraça, e eu chorava sozinha no fim da escada.