domingo, 19 de abril de 2015

20.04.2015

Converso com a psicose de minha caneta, finco-a no peito como uma traqueostomia diabólica feita diretamente na veia do meu coração que não respira e nunca foi feito para. Eu era um quebra-cabeças de uma mulher demente e todas as peças encaixavam-se à força no lugar errado. Eu sangrava em degraus, os estiletes dispostos em linha reta, na espinha dorsal dos meus erros. Não posso mais subir. Agarro-me em ossos de vidro, agarro-me nos ossos de um pequeno corvo, agarro-me na liquidez de um coração esquecido no banho-maria. Você me queimou tão lentamente. Você me esqueceu no forno. Você puxou pela minha boca uma raiz de planta silvestre e não percebia que o que puxava era na verdade meu intestino. Você me tirou do vácuo. Agora queimo tão lentamente.