quinta-feira, 30 de abril de 2015

30.04.2015

Disse três vezes teu nome na frente do espelho a meia noite. Você apareceu, cortou meu pescoço, e sumiu. Não era esse o sentido do ritual. Tranquei-me no banheiro. Parei o relógio. Recusei-me a sangrar. Chamei teu nome mais mil vezes. Tudo que via era uma mulher agressiva presa no espelho. Uma mulher cuja boca fora inutilizada e agora falava pelo corte na garganta que tu fizera. E quem estava na frente deste espelho? Alguém cuja cabeça pendia, cujos pensamentos se perdiam na queda, cuja identidade escorria pela ferida. Não, não vamos conversar, a fala era importante antes do corte. Agora vamos gritar como animais que somos, eu como bicho estúpido excitado por você que era um bicho estúpido excitado por mentiras, e tudo o que era animal se abraçava, e tudo que era humano morria.