sexta-feira, 1 de maio de 2015

02.05.2015

Eu escrevia porque não podia me defender. Crescia em mim uma bola de mágoa igual a uma bola de pelos no estômago do gato. Crescia em mim um escrito cada vez que eu não podia retalhar a tua cara. E você, olha o que você fez comigo, costurou minha vagina a seco, você me encheu de cal, até que escorresse de mim todo tipo de líquido cinza, e ia endurecendo, e era tão insuportável. Uma serpente mordia meus calcanhares, o veneno subia como uma maré bem nivelada, e de repente eu sentia as ondas da morte me agarrando. Olha o que você fez comigo, amarrou duas cobras cada uma em um dos meus calcanhares. Olha o que você fez comigo, agora sou o veneno da cobra.