sexta-feira, 1 de maio de 2015

01.05.2015

Não podíamos nos tocar sem que planos suicidas fossem traçados. Como eu poderia lavar meus cabelos naquele banho onde confessamos como nos mataríamos e quais eram as melhores formas? Eu tinha que aceitar teus dedos limpando minha maquiagem como uma delicadeza máxima daquele momento de dor. O mundo é uma roda que atropela. A cerveja quente que me servia não era o bastante para me arrancar da realidade e eu sabia que estava no ponto errado do planeta, no ponto errado do país, no ponto errado de uma cama qualquer que nem era minha, e também cujo sexo não podia me levar ao gozo, e eu insistia porque sangrar perto de ti era o suficiente para que eu entrasse num orgasmo fingido, num orgasmo merecedor do meu corpo, num orgasmo fictício. Não podia congelar meu corpo nu na tua máquina fotográfica, você era um assassino que me queria crua e sabia que apenas na falta da respiração a crueza residia, tu me levava até lá. Eu ia como um bicho agarrado ao teu pescoço.