domingo, 10 de maio de 2015

10.05.2015

Ode de entrar em modo de espera. Fracassa, carne que apodrece, diz uma história com teus lábios arranhados, oposta ao dia, à luz clara da manhã, uma meia calça escura, o rasgo óbvio do meio das pernas, o rasgo da meia, engolir a porra, engolir o elemento químico da criação de porcos em cativeiro, sugar com a sede dos desertos, o fracasso da areia na alucinação da água, o cheiro de animal a ser abatido no frigorífico, o sangue que dilui o gozo e esmorece a cor. Ode ao fracasso do sexo sem roteiro, o rasgo inconcebível e imprevisível da carne penetrada, ode ao estimulante alcoólico cúmplice do desastre, um brinde às mortes ocorridas no meio da madrugada quando tudo é silêncio e uma mão se enfia entre tuas pernas, implorando sentido à insônia, ode à desordem do escrito, às portas abertas do teu inconsciente sofredor de retardo mental, o barulho das portas batendo num soco atrás dos teus ouvidos, e uma lambida funda e sarcástica nessa mesma orelha. Ode de entrar em modo de paralisia do sistema nervoso, e trazer o inconsciente para o lado de fora do corpo, o que é alucinação está dentro, o que é sistema nervoso está fora, o que é fracasso está na borda pronto pra cair a qualquer momento.