domingo, 24 de maio de 2015

24.05.2015

Acho estranho que eu não possa chorar embaixo das lâmpadas da cidade, numa rua fria, escura, e talvez eu estivesse nua e paranóica, e talvez eu estivesse colada na morte. Acho estranho meu corpo escorrer vazios o tempo todo, espaços sentimentais ocos, eu abrindo, com enxada, covas no asfalto, nada acontecia e ainda não havia um cadáver. Acho estranho as moscas fazerem um móbile em torno da minha cabeça, eu estava constantemente vazando o pus de minhas ideias infeccionadas, e elas - as moscas - eram o único zumbido quando a cidade fechava seus olhos, quando as ruas largas funcionavam como redomas da minha loucura. Gosto de dormir nos cruzamentos.